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''Inovação sem cultura é só enfeite'': Professor João Moreira alerta sobre os riscos de digitalizar o caos


No atual cenário de aceleração tecnológica e mudanças constantes no comportamento do consumidor, a inovação deixou de ser uma área isolada dentro das empresas e passou a ser um elemento central da estratégia de crescimento.

É o que defende o professor João Moreira, especialista em inovação digital, com mais de 10 anos de experiência em grandes empresas como Embraer e AllChem. Formado em Engenharia Mecânica e Pedagogia pela Universidade Federal de São Carlos, com pós-graduação em Ciências, Tecnologia e Sociedade pelo Instituto Federal de São Paulo, João também atuou como Head de Open Innovation na PUCPR e hoje lidera projetos como Gerente de Transformação Lean Digital no Lean Institute Brasil. Professor da escola de negócios Árete, voltada à formação de empresários, executivos e sucessores, ele ressalta, especialmente no módulo Inovação e Futuro, que a inovação só gera valor real quando está enraizada na cultura organizacional e voltada à resolução dos problemas do cliente.


“A inovação precisa deixar de ser ‘um departamento’ e passar a fazer parte integral da rotina das pessoas”, afirmou Moreira.

Para ele, estruturar um time dedicado à inovação pode até ser um bom ponto de partida, mas com o tempo é fundamental que o pensamento inovador permeie todos os processos da empresa. Com a transformação digital se intensificando e a pressão por eficiência, sustentabilidade e agilidade aumentando, o papel da inovação como diferencial competitivo se torna cada vez mais relevante.

Entre os temas mais discutidos nas turmas da Árete está o uso da inteligência artificial. Moreira ressalta que a IA, embora poderosa, não pode ser tratada como solução mágica para problemas estruturais.


“Mais do que a ferramenta, é preciso uma mentalidade de transformação contínua. O uso da IA só faz sentido quando conectado à estratégia, sem gerar estresse nem perda de receita”, explicou.

Segundo ele, muitas empresas caem na armadilha de digitalizar processos desestruturados — o que, na prática, só potencializa o erro.

Essa visão conecta-se diretamente com a importância de fomentar o intraempreendedorismo dentro das organizações.


“Ter um ambiente seguro para falar de problemas e estimular o aprendizado organizacional é a base. Quando isso acontece, as ideias deixam o papel e se transformam em resultados concretos”, apontou.

Na sua análise, a cultura de confiança e abertura é mais determinante para a inovação do que a própria tecnologia. Por isso, transformar o ambiente de trabalho é pré-condição para qualquer agenda digital bem-sucedida.

Ao abordar os dilemas enfrentados por executivos em relação aos investimentos em inovação, o professor reforça que o cliente deve ser o principal orientador das decisões. “O melhor termômetro para os investimentos é o cliente. A inovação precisa estar a serviço da resolução desses problemas, e não de uma agenda interna”, completou. Na visão de Moreira, a combinação entre pessoas, tecnologia e estratégia, com foco em aprendizagem contínua e proximidade com o mercado, é o que diferencia empresas preparadas para o futuro.



Por: João Paulo Moreira



 
 
 

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